No final do século XIX, o Brasil estava passando por mudanças políticas e militares intensas. Em 1905, fora aprovado um plano de modernização da marinha de guerra, encomendando a classe Pará de contratorpedeiros, classe Bahia de cruzadores e, então, a poderosa classe Minas Geraes de Dreadnoughts.
Naquele ano, os britânicos haviam construído o revolucionário HMS Dreadnought, um encouraçado com um desenho moderno e mais funcional que o normal, além de contar com uma vasta gama de armamento. A próxima nação a obter um encouraçado do tipo dreadnought foram os EUA, com a classe South Carolina, de aproximadamente 18.000t, com a terceira nação sendo o Brasil.
O Minas Geraes é um couraçado dreadnought de 21.500t, tendo comprimento de 165m, boca de 23m e calado de 8,54m, era equipado com 12 canhões de 305mm Armstrong em 6 torres, 22 canhões 120mm Armstrong de casamata e 8 canhões Armstrong de 47mm. Contava com uma blindagem que ia de 51mm, 152mm a até 229mm, e era propulsionado com dois motores a vapor de tríplice expansão Vicker Sons & Maxins, com 18 caldeiras Babcock & Wilcox gerando uma potência de aproximadamente 40.000 HP.
A principal proposta dos encouraçados Minas Geraes foi concentrar o máximo de poder de fogo versatilmente em um só navio, adcionando mais poder naval e tonelagem á marinha de guerra. Por conta disso, a embarcação foi descrita na época como sendo a "mais poderosa já construída até então".
Essa premissa acabou gerando tensões nas potências da américa do sul, começando uma corrida armamentista que duraria até os anos 20. A Argentina encomendaria aos EUA a classe Rivadavia de dreadnoughts, com a mesma proposta do Minas Geraes, e o Chile encomendou a marinha real britânica a classe almirante Latorre, a maior classe das três em termos de tonelagem, porém, só o Almirante Latorre foi comissionado na marinha do Chile, com o navio irmão, Almirante Cochrane, tendo sido convertido no estaleiro para um porta-aviões, sendo comissionado na marinha real como HMS Eagle, nunca vendo serviço na marinha chilena.
A classe Minas Geraes foi motivo de escândalo na Europa, com uma teoria de que a classe não passava de um esquema, e que na verdade a classe desses poderosos navios iria pertencer, afinal, a marinha britânica.
Minas Geraes
ARA Rivadavia (Argentina).
Almirante Latorre (Chile).
O encouraçado Minas Geraes foi comissionado em 18 de abril de 1910, logo após envolveu-se na famosa revolta da chibata, com o navio tendo sido comandado por João Cândido Felisberto.
Em 1913 levou o então ministro brasileiro de relações exteriores Lauro Muller.
No ano de 1917, durante a primeira guerra, a marinha ofereceu os navios Minas Geraes e São Paulo para servir a marinha real britânica, o que incluia lutar na batalha da Jutlândia. Porém, os britânicos recusaram, em detrimento do pobre sistema de controle de disparo e as más condições do navio.
No entre-guerras, os navios passaram por períodos de modernizações, um em 1920-21, nos EUA e outro em 1930-37, no Brasil.
Durante a segunda guerra, os navios irmãos ficaram a cargo da patrulha do litoral brasileiro, sendo pouco ativos nas escoltas e em batalhas.
Minas Geraes durante a Segunda Guerra
São Paulo durante a Segunda Guerra
O Minas Geraes serviu até o ano de 1952, quando foi desativado em 16 de maio, servindo como quartel general estacionário e em 17 de dezembro, foi descomissionado, sendo separado da frota em 31 de dezembro. Foi vendido para desmanche, rebocado no dia primeiro de março de 1954, chegando em Gênova em 22 de abril de 1954.
Já o seu navio irmão, São Paulo, teve um fim inusitado. A partir de 1947, começou a atuar como navio estático de treinamento, e em 1951 fora descomissionado e vendido para sucata. No final daquele ano, o navio iria ser rebocado rumo a Inglaterra. No meio do trajeto, ocorreu uma furiosa tempestade, na qual começou a danificar os rebocadores, que tentavam tracionar o encouraçado São Paulo, resistindo por conta da ventania violenta. Os rebocadores, então, sentiram-se obrigados a retirar as amarras e deixarem o São Paulo á deriva, para que assim, pudessem o buscar posteriormente.
Apesar dos esforços, o encouraçado São Paulo nunca mais foi visto.